quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Entrevista: Miguel Angelo da Luz


Miguel Angelo da Luz, dirigiu a equipe Universitária Castelo Branco(RJ) nos jogos universitários brasileiros, ele comandou a equipe como técnico e levou o título brasileiro, junto aos atletas da faculdade.( essa foi a ultima vez que Miguel Angelo dirigiu uma equipe de basquete em jogos validos, desde então Miguel está sem clube)




Em uma ótima oportunidade de poder entrevistar um dos técnicos do Brasil que conseguiu o título mais importantes até hoje para a seleção feminina de basquete(Mundial feminino na Austrália), Miguel Angelo da Luz, que já conseguiu resultados como a medalha de prata em Atlanta (EUA - 1996) e também já foi eleito pela imprensa internacional o melhor técnico de basquete do mundo, após o Mundial de 1994.
Ele fala sobre o atual momento delicado que o basquete vive e tenta passar um pouco de sua experiência sobre o que acontece no Brasil.





Fale um pouco sobre sua trajetória no basquete?

M:Eu comecei minha carreira no Vasco da gama em 1971 como jogador, foi uma coisa até por acaso, por que eu jogava tênis e um diretos de basquete chamou eu e meus amigos pra fazer teste na equipe, e dos meus amigos eu não queria jogar, mas no final acabei indo na onde deles, mas no final todos eles foram dispensados e eu acabei ficando. Logo depois de eu conquistar certa liderança, fiz um curso de ed.física, acabei sendo convidado pra dirigir uma equipe de infantil, onde no meu primeiro ano a equipe do Vasco foi campeã, logo depois tive minha primeira seleção carioca infantil, onde seria disputado o 13ºcampeonato brasileiro. São Paulo tinha ganhado 12títulos e seria o décimo terceiro, mas ganhamos e foi um título inédito para o Rio. E foi por aí que começou minha trajetória, como Grajaú, Flamengo, Fluminense, Jequiá e outros até a equipe principal.




Sobre o basquete universitário e o basquete escolar, como você vê hoje esse trabalho no Brasil?

M:O basquete escolar se isola, por que praticamente não existe, são poucas escolas que praticam basquete, e aquelas que têm basquete, são com jogadores federados por clubes. Mas são poucas escolas que dão oportunidade a aquele aluno que quer praticar o basquetebol. Já nas universidades não é diferente, alguns jogadores ao invés de estudar, não aproveitam a oportunidade, por que as faculdades oferecem bolsa de estudo e agente não consegue desenvolver tanto na parte estudante, coisa muito diferente que acontece já nos Estados Unidos.




Com relação a seleção feminina, o que você pode falar sobre o desempenho ruim delas?

M:É um momento critico, com algumas jogadoras com condições de estarem atuando e não estiveram, que são os casos da Érika(por lesão) e também o da Iziane por indisciplina, as coisas tinham que ter acontecido mais nos bastidores e não a tona como ocorreu. Acho que houve total falta de preparo tanto da comissão técnica como da diretoria e também da própria jogara, mas acho que o Brasil foi muito mal nas Olimpíadas, poderia ter ido melhor, o Brasil tinha time pra isso, mesmo com as ausência da Érika e da Iziane. Agente espera muito mais do basquete feminino.



Sobre o caso da Iziane?

M:A comissão técnica não soube direcionar bem, por que ela é uma garota problemática, a comissão técnica sabia disso, então tinha que ter mais gente, principalmente um supervisor acima até dos próprios técnicos, para minimizar e chegar num acordo e assim não deixar chegar às proporções que chegaram.




E com relação a seleção masculina que não vai a tanto tempo para umas olimpíadas, o que você acha que tem sido o problema?

M:Eu acho que é mais a parte administrativa, alguns jogadores já deixaram bem claro e a entender que não trabalhariam que essa atual diretoria da confederação. E eles provaram isso, dizendo que não estavam com condições médicas de servir a seleção e no final vêm a praticar outros esportes, logo após a sua dispensa. Isso foi provado com a sua mudança de filosofia, trazendo um técnico estrangeiro, por que mesmo assim, não convenceram esses jogadores de participarem de uma vaga nas olimpíadas.




Sobre um técnico de fora, o que você tem a dizer, acha que realmente precisávamos de um técnico de fora do país pra melhorar nossa maneira de jogar?

M:Acho um desrespeito a todos os treinadores que tem no Brasil, a não ser que trouxessem um técnico de ponta. E esse técnico é um técnico bom, experiente, mas não é um técnico de ponta, ele não tem bagagem praticamente nenhum internacional, na sua carreira, poucos títulos e também apesar de dirigir, ele estava encostado lá na Espanha, pelo menos organizando cursos e agente espera que essa filosofia caso continue essa diretoria ou venha outra nova a partir do ano que vem, espero que eles valorizem mais os profissionais brasileiros.





Hoje entre uma equipe feminina e masculina, qual você prefere dirigir e quais as diferenças?

M:Eu não tenho preferência, o que eu hoje gostaria de estar fazendo era de estar trabalhando no basquetebol. A visão entre escolher uma ou outra é de que a seleção feminina é muito mais fácil do que uma masculina, por que o basquete masculino hoje, é muito mais difícil de você chegar ao topo do que no feminino. Mas eu queria era dar mesmo era minha contribuição, mas infelizmente isso eu não posso, por que a parte política não me deixa trabalhar, é uma coisa impressionante, depois de passar por México e Venezuela, estou aqui praticamente 1ano e meio sem condições de trabalhar no meu país.





Como você pode explicar sua saída da seleção feminina? Depois de conseguir os títulos mais importantes da carreira e também conseguir os mais importantes pra seleção feminina até hoje?

M:Eu gostaria de ter exclusivo como técnico da seleção feminina, igual ao técnico da seleção masculina, a antiga diretoria não concordou aí eu abandonei, e onde essa atual diretoria pediu para que eu desse um tempo na minha carreira, por que eu era muito novo e atrapalhava os técnicos mais velhos. E eu fiquei 3anos sem trabalhar (98,99 só retornando no ano de 2000).




E se alguém o chamasse pra dirigir uma seleção masculina, você aceitaria? E como faria um trabalho?

M:Eu faria um trabalho onde os melhores jogadores estariam em quadra, mas tinha que ter na seleção o jogador com uma verdadeira vontade de vestir a camisa da seleção brasileira. E eu acho que esse grupo tem vontade, mas agora tem que mudar tudo, por que ta tudo errado na parte administrativa, quem tem que convocar e cortar os atletas não é administração e sim a comissão técnica.





O que você pode dizer sobre a atual administração da CBB e sobre como foi trabalhar com o Grego?

M:Única época em que eu trabalhei com o Grego, foi numa seleção carioca, tanto o Grego como seu super intendente o Manteiga. Na parte pessoal eu não tenho o que falar dos dois, agora a parte administrativa eu tenho, eles às vezes gostam de impor jogadores, de convocar jogadores e isso eu não concordo. Eles são até bem intencionados, mas já provaram que o atual basquetebol caiu e caiu muito de produção, agora o basquetebol feminino do Brasil com a sub-15 é freguês da Argentina, como perdeu agora o ultimo campeonato sul americano.




Pra você o que falta no Brasil para uma formação melhor de atletas?

M:É o trabalho de base. Os melhores treinadores tinham que estar na base... Mas agente vê o total despreparo de alguns profissionais com xingamentos, agressões verbais às vezes agressões físicas e isso mostra o despreparo desses treinadores, mas isso não é nem culpa do treinador, mas sim uma falta de curso especifico para treinadores no basquetebol.




Como podemos melhorar o basquete no Brasil?

M:O Basquetebol do Brasil tem jogadores muito talentosos, agora tem que dar condições para esses atletas. O que não pode acontecer na seleção são essas cartas marcadas, por exemplo, o episódio infelizmente do professor Christiano e do professor Marcio, que foi uma coisa que mexeu comigo demais, ficou muito chateado pelo que aconteceu com os dois, e eu sei que por motivos éticos eles não quiseram falar, eu respeito, mas queriam impor atletas e cortar aqueles que estavam treinando. É essa a filosofia que tem que ser mudada, por que são 27 pessoas que elegem o novo presidente.





Quais os melhores jogadores brasileiros de basquete do país pelo lado da seleção masculina e o da seleção feminina?

M:Acho que o Leandrinho está a um passo a diante de outros jogadores e pelo lado da seleção feminina, mesmo com todos os problemas a Iziane é a melhor jogadora brasileira.





Miguel, muito obrigado pela entrevista. Gostaria que você deixasse uma mensagem para todos os jovens em que sonham em algum dia jogar basquete, o que eles têm que fazer pra conseguir seus objetivos?

M:É acreditar no potencial de cada um, trabalhar bastante, não deixar de estudar. Tem que treinar, por que o brasileiro hoje, quer saber da parte coletiva e esquece um pouco da parte física e esquece um pouco da parte técnica, o dia em que conseguir mudar a mentalidade dos nossos atletas nesses objetivos, vamos crescer certamente.

4 comentários:

Thiago Anselmo... disse...

Show de bola a entrevista em.
Miguel é um bom exemplo de tecnico. Esperamos que tenha mais tecnicos como ele.

novadedetizadora-campos@hotmail.com disse...

o miguel sempre me pareceu um técnico muito sensato e direto!
e como pessoa também parece ser do bem!!
pelas conquistas dele, acho que o que fizeram com ele foi uma baita sacanagem!!
mas vida q segue, e que outros tecnicos se espelhem nele! pois é um exemplo!!

parabens pela entrevista Jones!!
abraço

Leonardo Bruno disse...

Muito bom, Jones.

O Miguel tem muito a contribuir, precisamos de caras como ele.

Abraço!

Jones Mayrink disse...

Vlw Thiago,Felipe e Leo, ele com certeza é um grande profissional, acho ele muito ético e ótima pessoa, lógico além de grande tecnico.
Agente vê muita convocação sendo dada pelo grego na seleçao